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Pandemônio Barreado










 
 
 


Tresmalho personas,
o sonho num sonho
e a justiça de não julgar.



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Oiticica photographie & poem


Engraxate do Choro


Não quero alma
muito menos vida:

-Desapegar do sossego
niilista cético epicurista.

Ausente de passado,
Presente e tampouco futuro!

Busco tragar o nada
reciclado de lixo.

A ilusão de Oiticica,
dança na ilha
da multidão.

Solitário como a fotografia
em exatidão mudança.

-Engraxate do choro...

Fotografia de José Oiticica Filho

Tamanduá-bororo


O contador de formigas
ao olhar o tempo
esqueceu a saudade.

Um desenho meu antigo digitalizado.

DESSONETO nº2




Encontro iniciais em um largado cômodo:
M.T.T; mandaram apagar suas pinturas!
Como quem esquece qualquer criatura.

Morena carola que teve europeu estudo.
Hoje fantasma dos museus abandonados
estaria em busca da volta eterna que cura?

Pagã ou santa.
Artista e virgem.
Endeusa a imagem.
Sem tuiuiú, onça, anta...

Para o sempre na paisagem
correspondente do poeta.
Um soneto não a mata
em homenagem.

Foto: Acervo de Lídia Baís

Joke & Nait



Um imperador japonês,
a deusa mitológica egípcia
e o renomear das coisas.

imagem do google

A Cena d'um Quadro





Transas esquecidas
na casa de torre.

Labor vagabundo
é reprimido, ao largo,
entre o paço e a cadeia.

Uma morte sem sangue,
na escadaria Conceição
causa espanto,
hipotermia em pleno outubro.

Flor vermelha e
céu azul,
o sol pelo halo
e a lua oculta;
diferentes do mendigo.

fcm.photographie
{in tela, 30x40, óleo, de rccm.}

Tree Hause

-
Kaihu
-
Aflorada primavera,
com o azul no céu
e a brancura solar.
-

Rodapé
-
O carro de boi
leva um motoboy
ao hospício estadual.


Ex-israelita-cigano

Trem bardo olíbano
para Corumbamba.
O palestino judeu.
-
fcm.photographie

Álbum Mono


Existe nostalgia possível,
sonhar com a realidade
em um sítio sem validade
num foto grama invisível.

O sol molhou a chama
d'alguma esperança
na mulher que o ama.

Aguar tela lembrança.
Solidão de alma,
limítrofe temperança.

Ao casal, que é lealdade
de entender o não crível.
Mal e bem na igualdade
perde ganha do invencível.


KAI & HU


Injustiça suprema,
a político amigo
é não votar no cinema.

fcm.photographie

TTT

"Na elegia ou contando histórias.
Dançarinos, o universo é duos."

imagem do google

entrevista com Marcelo Novaes

Felipe: sopas, óperas, epopéias ou haikus?


Umas sopas vão bem neste inverno. Sapoy’Té, Marcelo. Opus de “obras” do Latim mesmo, de engenharia e arquitetura. Agora, entre um Haikai de Bashô e “Os Lusíadas” de Camões, apesar de gostar dos dois centenários poetas, prefiro o primeiro, por ensinar muito em átomos de palavras e∕ou desenhos...


"Saudade do que poderia ter sido" é Nostalgia. Auroras Boreais tingem a tua letra?


Sim. De repente me dá aquela folia SDM de ver o sol nascer na praia. Estar em lugar nenhum ou numa ilha deserta cheia de nada. E só me resta nadar... A realidade é dolorida – e prazerosa. E não é tristeza, apesar d’eu ser um Somman Blues (Esquecido Distraído). A & B ou gramas de conhecimento sempre vão matizar minha escrita...


Esclareça-me uma coisa: como é o pensar-por-ideogramas? É o que fazemos sem saber, ou é um salto-no-saber que aprendemos, eventualmente?


Difícil aprendizado... Fácil é discutir filosofia da linguagem e comunicação poética (risos). Mas vamos lá. Às vezes quero mudar isto de identidade>coresou cromos>ser. Falar o incognoscível. Sem concisão. Ser inconcluso... Angular o momento. Por exemplo, deite o número 8, e temos o indiscutível... O infinito transcendental... Os sons do silêncio... Engolir sapos... Não sei se saltei na sua sapiência... Quero desaprender.


O que significam China e Japão no seu imaginário? São "terras secretas", como Shangrilá dos filmes [ou Shambala dos Tibetanos], ou são "terras concretas", com ideologia e história? O que significa, Felipe, ter um olho Ali?


Da enigmática orientalização, conheço os quadrinhos inversos de mangá, as artes de Confúcio e algumas poucas películas de cinema Shynês e Kuronês.Sei que Yoga, Do-in e Caminhadas são vivificantes. Mas sei pouco da ideologia∕história da China e Japão... dizem que inventaram quase tudo, até o socialismo-capitalista da 2º economia mundial (China) e a segunda maior expectativa de vida do planeta (Japão). Da cultura onde o sol nasce antes, aprendi um naco com a Liberdade de São Paulo e com os imigrantes de Campo Grande. Agora, por exemplo, é época de folclore nipônico. Dançar ao Bon Odori. Comer um Sobá com hashi na feira. Curto o arquiteto japonês Tadao Ando que não estudou em universidade qualquer para exercer sua profissão – o cara é um dos meus ídolos de olhos rasgados.


O que mais se aprende vertendo música-sem-nota de uma língua à outra? Qual o prazer do tradutor/ transcriador Felipe Costa Marques?


Tradução sempre será como entrar na cabeça do autor e suas viagens... Tipo ser o Gavin do filme “Quero ser John Malkovich”. Ser “o” (re)ator do escritor atemporal. E nesta salgada transcriação linguístico-textual haverá sempre uma pitada do seu próprio cloreto de sódio. Um lúbrico tempero no ego. E nas elipses de quem gosta.


O poeta é um filósofo preguiçoso, ou um arquiteto a esboçar uma planta para-sempre-inconclusa? O que significa ser fotógrafo-poeta? Ou devo inverter a ordem dos termos da expressão?


Iria gostar de projetar uma obra para-sempre-inconclusa pois é a poesia (sapoie) uma filosofia digna do mestre Bananeira, que os preguiçosos como eu adoram... J'aime a fotografia, até acho que você não deve inverter os termos da expressão, porque já tirei milhares de fotos e até participei de exposições coletivas em antropologia visual quando ainda cursava Ciências Sociais. Mas quem sabe depois desta entrevista ou após publicar algo “concreto” em verso, eu: inverso. Ué!


Conte-me quando as palavras acenderam as sinapses: primeiras e caras reminiscências... E quando iluminaram os lábios, ao pronunciá-las... Você já declamou muitos poemas para pessoa ou plateia? Que efeito causaram?


É defeito genético, pois várias anomalias literárias se proliferaram desde a raiz da grande árvore de ikebana Costa Marques. Alguns de minha família poetaram – e bem! Em estado de criança eu já brincava com as palavras e as ligava a coisas nada a ver, daí a cintilância das inutilidades. Quanto a declamar, putz!, só tenho coragem de fazer isso para a minha mãe e, talvez nem devesse revelar... mas suspeito que ela não goste muito do meu hálito palavral. Ela afirma que eu blasfemo... Será?!


Das tantas formas que acomodaram versos [vasos ou ânforas], em quais a poesia melhor se aninhou, segundo sua percepção estética? E mais: qual viabiliza mais a reverberação do verbo? Quando o verbo reverbera?


Prefiro poucas estrofes. Prefiro os versos curtos. É dos pequenos frascos que se perfumam as protuberâncias córneas dos colibris. É da monogamia dos tuiuiús que o Pantanal se iconiza. Eu busco a vértebra do silêncio. Uma molécula de lágrima concentra todos os oceanos – e também o Mar Morto. Considero minhas considerações mui explicativas, são verbos que se reverberam em ecos sinteticamente infinitos.


Deus monologando de Si para Consigo, sem palco ou criadagem. Que tatuagem é essa? Ideograma, poema ou ateísmo? E o Nirvana: é acessível ao verbo, ou Apagar da Chama?


O verbo primeiro não pode ser proferido, como nos ensina a Cabala, mas pode e deve ser silenciado em alto e bom tom: eis o solilóquio de Javeh. A fusão de deísmo com ateísmo é para mim o Nirvana, porque esta fusão faísca... faísca silente e tonitruante...




Quando a palavra te evoca o sorriso, além dos haikais humorísticos [os haikai-renga]? Explicitar a cosmologia implicada em Saramago, achar o sumo surrealista num gomo de Machado de Assis, isso tudo é nano-filosofia, esboço de resenha poética ou instant(ân)e(o) photográfico?


Cultuo o poema-piada, não como culto, piada ou poema, mas como objeto sujeito à contemplação. Haiku é uma forma mínima de se pensar o Universo. O mínimo não é menos, dezessete sílabas são capazes do óbvio que não se desvela, realizar o impossível, explicar o inexplicável etc. Tudo se encontra por meio de si mesmo, observe M “ACHADO”, SAR “AMAGO”, isso tudo são nanicos como os morfemas que se alcandoram ao condor andino.


Adorar



Não faça promessas
e tenha a realidade
sem vontade
de desabafar.

Doura a saudade
no amar
que passaras
com a idade.

Alguma paixão
envenenara
seu coração.

Remediara
com ação.

Odara


Brigitte Art de Thiago de Barros

A biblioteca

fotografo


-
"Inicia-se este poema com uma palavra que era, simbolicamente, um livro:
encerra-se com um livro que se tornou, em aspectos práticos, uma palavra."

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Rio de ideias





8
À canhota*
8
A solidão como companheira.
Amizade entre pedra e gente.
Saudade de coisa inexistente.
Caminhar plantando bananeira.

Dolorido de tomar remédio.
Alimentação à base de vento.
Parado mesmo em movimento.
Felicíssimo no maior tédio.
8
Bêbado de não tomar cerveja.
Triste sem causa com a vida.
Ficar toda nua estando vestida.
Comer o bolo e não a cereja.
8
Nada é tudo o que parece ser.
Tudo é nada comparado a viver.
8
*publicado também no Poema Dia com outro título e fotografia

DESSONETO



8
Há uma saudade do que poderia ter sido,


o sonho real,


mais um retrato esquecido


no varal.




A chuva lavou a alma


de quem esqueceu


o namorado que ama.




Percebeu.


A sensibilidade na palma


do sozinho eu.




Enfermo de não haver dor leal,


o diabo e deus juntos vindo


na aurora boreal


me salvar sorrindo.

imagem do google

Nome


5
Ao idiossincrático sonhar
no indez viver
de nada mortificar.

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